segunda-feira, 23 de julho de 2012

Video Clip da Expedição AS 2012

Olá a todos os amigos e seguidores.

Na expedição, capturamos mais de 30Gb de filmes e a edição deste material é um trauma.

Para não passar em branco e até que cheguem os outros vídeos, montamos um vídeo clip para relembrar e animar para as próximas viagens.

Curtam...


Caso não consiga visualizar no blog, Clique aqui para ver o clip

sábado, 28 de abril de 2012

Registros a respeito da Rodovia Interoceânica

Quando pesquisava antes da Expedição sobre a Rodovia Interoceânica, não era raro encontrar vários tipos de relatos a respeito desta estrada que em muitos casos me intrigava.

Entrada do Peru em Iñapari: à frente aduana e imigração
No trajeto que fizemos por ela, saindo de Rio Branco até Urcos, depois entre Cusco, Puno e Moquegua já próximo ao seu final no cidade portuária de Ilo, percorremos os "tramos" (trechos) 2, 3, 4 e 5/5 faltando apenas o trecho entre Cusco e Lima e depois uma divisão do trecho 5 entre Juliaca --> Arequipa --> Moliendo.

Sob o aspecto geral, tem-se uma rodovia praticamente nova com piso bem conservado (onde se permite), sinalização farta e bem conservada, pontes igualmente conservadas (incluindo suas cabeceiras) e algumas obras em andamento (incluindo praças de pedágio; todas inativas à época).

Analisando os distintos cenários que se vai encontrar na rodovia, destacam-se:
    Parte brasileira entre Rio Branco e Assis Brasil: razoável (como é praticamente regra no Brasil), mas trafegável. Com muitos buracos em vários trechos iniciando de forma especial a 100Km de Rio Branco.

    Até a fronteira (aduana brasileira), serão aproximadamente 340Km e o referencial para abastecimento neste trecho é Rio Branco, Brasiléia e depois em Assis Brasil. Povoados e cidades são raros.

    Adentrando ao Peru, após os trâmites aduaneiros/imigratórios sob o escaldante sol amazônico e com pouca estrutura, inicia-se "outra" estrada.

    Até a cidade de Puerto Maldonado, vai-se seguir por um piso exemplar (um tapete) muito bem conservado.

    O trânsito principal são caminhões madeireiros, alguns carros/vans e moradores locais com pequenas motocicletas.

    Aqui a grande mudança são os inúmeros povoados. Chegam a distar menos de 20Km cada um. São muitos mesmo. Alguns deles resumem-se a poucas casas, mas sempre há um quebra-molas na entrada e outro na saída; isso no mínimo, pois podem havem mais. Este detalhe impede de desenvolver a viagem de maneira mais constante atrasando um pouco, além é claro de se cruzarem pedestres de ambos os lados da estrada trazendo perigo e necessidade de atenção redobrada.

    Desde a saída de Rio Branco, passando por Puerto Maldonado até aproximadamente 80/100Km adiante, o perfil da rodovia é de curvas suaves, topografia leve, sem descidas ou subidas fortes e com altitude média de 280m do nível do mar. No entanto tudo isso acaba aí.

    Após este ponto, inicia-se realmente a "emoção da viagem". São sequências de curvas vertiginosas com placas alertando a todo o tempo para soar a buzina ("Toque el Claxon") pois não da para se ter a menor noção do que vem à frente, tamanha deve ser a atenção.

    Igualmente às curvas, a subida é extremamente acentuada. Daqui para frente deixam-se os tais 280m do nível do mar, passando Marcapata que fica a aproximadamente 1800m, chegando a alucinantes 4872m no ponto mais alto em Abra Oquepuño (um excelente local para tirar fotos).

    Essas curvas são realmente perigosas mas se feitas com cautela, não causam problemas. Chega-se a fazê-las em primeira ou segunda marchas, dependendo do que se encontre no caminho.

    E o que se encontra no caminho? Bem isso é sempre um mistério... Neste época (Março/2012), encontramos muitos deslizamentos de encostras e cursos d'água descendo das encostas e cruzando a pista. Estes "riachos" não raro deixam limo na lista e não somente nas curvas, mas após algumas depressões, lá estão eles.

    Li alguns relatos de tombos por conta desses curos d'água, mas são evitáveis. Procuramos tangenciar a curva abrindo na saída ao máximo e isto evitou muitas surpresas.

    Abaixo, uma sequência de fotos da aproximação da curva com o curso d'água adiante:






    Da esquerda para a direita, vê-se a aproximação de uma curva em "U" e a surpresa do curso d'água. Na época que passamos por lá, em 40/50% das curvas havia um curso d'água desses.

    O segundo grande obstáculo são os desmoronamentos de encostras que levam terra e lama à pista. Estes podem atrasar a viagem. Ao longo da rodovia, especialmente na parte da selva, há máquinas integralmente disponíveis para limpar esses desbarranques. No entanto não há tantas assim e não raro se tem que ficar aguardando uma dessas vir limpar a sujeira. Nós tivemos grande sorte em passar por lá com, no máximo, meia pista, mas nada de obstruções que impedissem prosseguir.

    A foto ao lado, representa um desses desmoronamentos, recém limpos e coberto de lama... Um "sabão"!

    No Peru a impressão que se tem é que nunca se limitam (cercam) a criação de animais ou ainda não se deram conta de que ali agora passa uma rodovia... É impressionante a quantidade de bichos soltos às margens da rodovia.

    São vacas, lhamas, vicunhas, cabras, cavalos, porcos, galinhas e toda sorte de bicho que se possa contar. Talvez isso não seja exclusividade peruana, pois encontramos em menor quantidade, evidentemente, muitos animais soltos no Acre e na Argentina depois do Passo de Jama.

    No caso deste trecho da Interoceânica, eles são os donos de tudo por lá. No geral, são calmos e movimentam-se lentamente; surgem do nada, transitando livremente e raros estão presos a cordas.

    Nos finais de tarde, os donos começam o pastoreio e isso complica tudo pois agora são bandos que passeiam pela pista.

    Convencionamos o ponteiro avisar com pisca-alerta aos demais sobre a presença dos bichos e funcionou a contento.

    Quase semelhante aos bichos, o povo também é de uma tranquilidade assustadora: literalmente. Páram seus carros, vans, tuc-tucs, o que for, diretamente na pista e desembarcam sem avisar. Uma segunda convenção também determinada foi transitar pelas áreas urbanas sempre à velocidade máxima de 40Km/h mesmo que a tentação da "pista-limpa" convidasse a girar o punho.

    Em relação à altitude, temos logo após Puerto Maldonado (80/100Km) o início da subida. É realmente muito rápida e logo se está muito alto.

    Neste ponto da viagem é que a possibilidade de ocorrer o Soroche, ou mal da montanha, se manifesta.

    Abra Oquepuño: 4872m
    Os sintomas são os mais diversos possíveis e os mais comuns são tonturas, falta de ar, sensação de cansaço, dores de cabeça e náuseas.

    Como ocorrências mais comuns vêem-se tombos da moto ao parar, falta de força para segurar a moto quando se desce, cansaço para andar, no entanto isso é muito pessoal e depende de várias circunstâncias para ocorrer.

    Nesta expedição não houvem nenhuma (isto mesmo: nenhuma!) ocorrência do Soroche entre nós.

    Como resumir então a Interoceânica nesses quase 700Km entre a fronteira com o Brasil e Cusco?


    De começo: O LUGAR É LINDO! Valeria qualquer sacrifício passar por aqui para ver este cenário surreal.

    Quanto às dificuldades, é importante lembrar que essa estrada foi recém inaugurada, ou seja, ela já foi muito, mas muito pior.

    A máxima de que "quanto mais belo, mais difícil" é verdadeira na Interoceânica. Toda ela é admirável, mas o trecho de selva é estonteante. Mesmo com suas curvas, desbarrancamentos, cursos d'água, pedras, etc., a natureza abunda de forma tão magnífica que o sentimento que se tem é de pequenez e subsunção absoluta diante da magestade imperial diante dos nossos olhos.

    Visualize essa estrada como um lugar que deve ser respeitado acima de tudo, mesmo porque o que ele te dá de retorno é uma serenidade mental inimaginável com suas lindas paisagens. Isto vale também para as pessoas, suas cidades, seus rebanhos e todo aquele meio-ambiente rico não só natural, mas culturalmente. No mínimo é de se pensar que os invasores somos nós e a própria estrada, tanta é a riqueza que se presencia por lá.

    Finalmente, pudemos deduzir que lá é um lugar contemplativo, digno de uma oração. Passar preocupado, tenso ou mesmo "comendo-asfalto", seria um grande desperdício.

    À primeira oportunidade, estacione sua moto, traga toda sua vida à mente, entregue seus pensamentos, amigos, familiares, pessoas que você ama... e abra bem os olhos, para jamais esquecer tão magnífico cenário.












    quarta-feira, 25 de abril de 2012

    Diário de Viagem - DIA 10: São Pedro de Atacama (CH) --> Purmamarca (AR)

    Agora sim é pra valer: estamos rumando de volta para casa!

    Muito frio no caminho do Passo de Jama
    Foi com esta sensação que embarcamos nas motos em São Pedro de Atacama logo de manhã para iniciar definitivamente o retorno da expedição.

    Nosso destino é Purmamarca já na Argentina passando a fronteira pelo Passo de Jama percorrendo ao final  412 Km descendo os caracoles no lado argentino da Cordilheira dos Andes.

    Daqui pra frente, até o Brasil, o trecho é, por assim dizer, bem mais comum à maioria dos moto viajantes, especialmente o Passo de Jama (ou mesmo o passo Sico logo adiante deste e que sai em Salta) bem como o caminho ao Brasil pelo Chaco argentino.

    Saindo de São Pedro de Atacama faz-se os procedimentos aduaneiros, isto mesmo, logo na saída da cidade e muito antes de se cruzar a fronteira com a Argentina. Sempre muito tumultuado tão grande é a quantidade de pessoas que fazem esses procedimentos, desta vez estava muito tranquilo e a papelada saiu em menos de 10 minutos. Dali pra frente era escalar novamente a Cordilheira dos Andes, desta vez pela última vez, inclusive dando adeus ao Licancabur que nos observou pelos últimos 4 dias.

    A altitude de mais de 4500m sobre as nuvens
    A poucos quilômetros da saíde de São Pedro, já se está a mais de 3000m de altitude. O frio intensifica e o oxigênio, como já de costume nesta expedição, faz certa falta, mas não atrapalha.

    No topo da serra, no pico de 4725m, vimos cenários surpreendentes passando por sobre as nuvens que revelam apenas os picos nevados especialmente o Licancabur e naquele ponto pudemos experimentar a mais baixa das temperaturas até então: -3 graus no termômetro da moto, embora a sensação térmica seja de muito menos.

    Aliás, a dica de equipamento do dia foram os aquecedores de manopla. Eles funcionam. Ajudam a amenizar a baixa temperatura das mãos além de evitarem a sobreposição de luvas, que é muito comum, fato que deixa a sensibilidade comprometida.

    Cuidado com as lhamas às margens da pista
    Subindo do lado chileno da cordilheira, a estrada não diferencia daquilo que vimos nos últimos dias. Sempre em boas condições. Já no lado argentino temos contato com aquilo que é mais próximo do brasileiro em termos de piso. Em vários trechos há buracos, entretanto o que mais assustou neste ponto foram novamente as várias incidências de animais na pista. São muitas lhamas pastanto à solta e cruzando a pista a todo momento.

    Acompanhados por sol brilhante e baixas temperaturas, seguimos para a primeira parada em uma lagoa muito bonita às margens da rodovia e outra em um pequeno salar onde nos deliciamos com um passeio sobre a superfície salgada. Ambos os locais merecem uma parada.

    Na chegada à aduana no Passo de Jama, é surpreendente como a infra-estrutura está mudada. O lugar está todo organizado e o decadente contaeiner onde funcionava a aduana virou história. Agora há um prédio muito bem organizado, com funcionários atenciosos e o procedimento foi eficiente e rápido. O ponto exato da aduana é S 23 14.211 e W 67 01.645.

    Saindo dali, há poucos metros encontra-se um posto de combustíveis da YPF igualmente com estrutura excelente para abastecimento e lanches.

    Muita neblina na descida dos caracoles
    Um ponto a se destacar neste trecho é o Tropico de Capricórnio que cruza a RN 52 em S 23 27.011, W 66 57.081 e novamente em S 23 27.000, W 66 36.053.

    Seguindo adiante até a cidade de Susques, pouco antes cruza-se a mítica RN40 que segue para o sul pendurada na cordilheira chegando ao fim do mundo em Rio Galegos, já próximo a Ushuaia, mas essa viagem em breve vou ter o prazer de relata-la... quem sabe ainda este ano (2012)...

    Já no início da descida dos caracoles depois de Susques, fomos surpreendidos por uma forte neblina que nos acompanhou toda a descida e prejudicou a vista da paisagem que alí é muito bonita.

    Ademais, as condições da pista no trecho dos caracoles não estavam boas. Além do fato de a forte neblina humidecer bastante a pista como se fosse uma chuva leve, haviam vários trechos onde o asfalto estava muito danificado ou mesmo inesistente.

    As curvas tornaram-se traiçoeiras ora com pedriscos soltos, ora com valas abertas, ora com muita lama na pista, o que exigiu um cuidado extremo na pilotagem pois qualquer erro corresponde a uma queda certa.

    Vencidas as intermináveis curvas nebulosas, avistamos abaixo a pequena Purmamarca rodeada por montanhas multi-coloridas e alí foi o ponto final do primeiro dos três dias de retorno para casa.

    Em Purmamarca permanecemos hospedados no Terrazas de la Posta, um aconchegante hotel bem próximo à entrada da cidade com excelente infra-estrutura. O local fica em S 23 74.498, W 65 50.128

    Outras fotos do dia:
    Forte neblina nos caracoles

    Montes multi-coloridos na Argentina

    Garagens do Hotel Terrazas de la Poza


    terça-feira, 24 de abril de 2012

    Diário de Viagem - DIA 09: Iquique --> São Pedro de Atacama

    Com o objetivo de cruzar os 390Km entre Iquique e São Pedro de Atacama, partimos na manhã do dia 24/03 para nosso destino.

    A saída de Iquique é muito tranquila, da mesma forma que todas as demais no Chile.

    De passagem, vale o registro em relação a este país. Geralmente se lêem vários relatos em relação aos países sudamericanos não muito favoráveis e inclua-se nisso o próprio Brasil (estradas ruins, cidades caóticas, corrupção de policiais e agentes de aduanas, e tantas outras...). O que pode até ser jargão repetitivo, mas confirmado na nossa viagem é que o Chile foge a esta regra.

    Iquique, embora uma cidade portuária é tranquila, com trânsito organizado e bonita. Esta quase regra foi o que encontramos naquele país desde sua entrada na cidade de Arica.

    Pelicano tomando sol
    Optamos ir para São Pedro, seguindo pela Ruta Costanera 01 afim de sermos acompanhados pelo Pacífico até a cidade de Tocopilla. Este trajeto percorre 230Km margeando o oceano e é de uma vista espetacular.

    Já na saída da cidade, encontra-se o aeroporto que com um pouco de sorte, vêem-se decolagens à beira da pista.

    Adiante, já em contato com o mar, segue-se às suas margens onde em vários pontos pode-se parar afim de fazer fotos de pelicanos e leões marinhos que se exibem sobre as pedras e nas águas geladas do lugar.

    A estrada segue tranquila e à altitude do mar até a entrada da cidade de Tocopilla e embora sejam mais de 200Km não se vê passar pois as opções visuais são infinitas.

    Este trecho não é opção muito comum à maioria dos viajantes que seguem para o Chile, mas vimos ser uma opção muito acertada escolhe-lo especialmente em relação ao visual que paga a esticada até Iquique.

    Quanto ao vento que geralmente se ouvem relatos a respeito, não encontramos nenhum problema com ele. Na verdade não foi nada que seja destacável. Pode até ser pela data que escolhemos, mas penso que, com base na grande parede rochosa entre o mar e o continente deve certamente criar uma contenção natural no curso do vento, impedindo grandes incomodações.

    Na entrada de Tocopilla, em S 22 04.470 e W 70 11.562 desvia-se para leste para a Ruta 24 em uma subida quase vertiginosa com pouco mais de 15Km: deixa-se o nível do mar e por entre duas paredes de rocha, salta-se para pouco mais de 3.000m. É nossa terceira passagem brusca de altitude na viagem.

    Rompendo as curvas da saída do litoral, depara-se com retas imensas no meio do deserto e o cenário torna-se novamente surpreendente. Há pouco se via o oceano, agora somente areia e pedras; a estrada antes sinuosa agora são sequências de retas infinitas e sonolentas.

    Ruta 01 próximo a Tocopilla
    Depois de rodar mais de 2990Km, neste ponto da rota ao virar a leste, tive a primeira impressão de estar voltando pra casa. Estranho, mas pode-se dizer que a pouco mais da metade da expedição surge este sentimento.

    Licancabur: o guardião do Atacama
    Rodando 73Km pela Ruta 24, cruza-se a Ruta Panamericana 5 que é a alternativa de rota para quem vem de Arica direto a São Pedro de Atacama, ignorando o Pacífico. Este ponto fica em S 22 16.767 e W 69 35.741.

    Depois de 145Km desde Tocopilla, chega-se ao entroncamento com a Ruta 23 próximo a Chuquicamata onde há um excelente posto de combustíveis (S 22 19.790 e W 68 55.646) e já bem próximo a Calama.

    Calama é uma cidade agradável de tamanho médio com vários recursos, com postos de combustíveis, hotéis e shopping center. É um excelente ponto de partida para outros trajetos como o Salar de Uyuni, São Pedro de Atacama e Iquique, além de outros. Almoçamos nesta cidade e tocamos adiante por mais 100Km até nosso destino.

    Chegada a São Pedro de Atacama
    Ao se aproximar de São Pedro de Atacama, há pouco mais de 70Km de distância, somos surpreendidos pelo olhar majestoso do vulcão Licancabur que fica na Bolívia a muitos kilômetros de distância. Este monte te observa por dias; é majestoso e impera como o guardião do deserto do Atacama; sua primeira vista é emocionante.

    Na chegada a São Pedro, entre tantas experiências fantásticas desta viagem (como chegar no atacama pelo Oeste), pude relembrar de uma grande inspiração pessoal quando em 1992 tive contato com uma Yamaha TDM 850 cujo piloto havia recém chegado do "Deserto do Atacama" e somente isto bastou de motivação para minha opção por viajar de motocicleta. Fica aqui minha homenagem aos tantos viajantes que inspiram jovens a desafiarem seus limites em busca de percorrer grandes jornadas.

    São Pedro de Atacama - Surpreendente

    São Pedro surpreende em todos os aspectos. Na chegada à cidade a impressão é que se está em um lugar esquecido, inóspito e sem recursos, mas ledo engano... a cidade é maravilhosa e jamais deve ser interpretada pela entrada, ao contrário, deixar ser convencido pelas suas ruelas estreitas e movimento fervilhante.

    Das várias opções de hospedagens da cidade, ficamos no Hotel Chiloe (em S 22 91.074, W 68 20.34) permanecendo aqui por 3 dias. Evidentemente que estes dias foram poucos, no entanto serviram para despertar em nós a eterna saudades do retorno a este lugar fantástico.

    Mais algumas fotos deste trecho da expedição:

    Vista do Pacífico

    Túnel na Ruta 01

    Vista do cokpit

    Entrada de São Pedro de Atacama

    Posto de controle aduaneiro chileno entre Iquique e Tocopilla

    Montes nevados com destaque ao Licancabur a direita



    domingo, 8 de abril de 2012

    Diário de Viagem - DIA 08: Arica --> Iquique

    Na manhã do dia 23/03 nos despedimos de Arica, no Chile, para então percorrer os 310Km objetivados para o dia até nosso destino na cidade de Iquique, litoral do pacífico cujo ponto principal é conhecer a zona franca chilena, além de aproveitar um pouco do trajeto bastante rico nestre trecho da Rodovia Panamericana Sur, CH 05.

    Confesso que neste ponto da viagem, a ansiedade por ter contato com o Pacífico já é bastante grande, especialmente no meu caso, debutante na vista do grande oceano.

    Esculturas no deserto na saída de Arica/CH
    Seguindo pela estrada, avança-se como nas demais chilenas; um piso liso e impecável sob um sol particular de 25°C na média, segue-se para transpor o relativamente pequeno trecho, mas com detalhes a se observar.

    Logo na saída da cidade de Arica, há um monumento em meio ao deserto litorâneo que nos acompanha até o destino final, cuja parada obrigatória ocorre para algumas fotos.

    O interesse por aquele cenário é certo, pois são os primeiros contatos mais pacífico, digamos, com o deserto chileno que será sua companhia por dias, portanto são praticamente imperdíveis e constantes as paradas neste trecho do trajeto.

    A propósito, desde o dia anterior quando se adentra ao Chile, a paisagem que vai nos acompanhar até a saída na Argentina é de deserto. A vegetação, quando presente, é rasteira, no máximo alguns arbustos em alguns casos propositalmente plantados para conter o vento às margens da rodovia.

    Serpenteando ao longo de grandes vales com dunas arenosas mais semelhantes a montes de pedriscos muito imponentes, a ruta Panamericana segue solitária sem que se encontre cidades adiante; apenas pequenas vilas com pouca estrutura podem ser vistas no trecho, o que deve ser considerado em relação ao abastecimento da moto. De Arica, o local que paramos para abastecimento das motos com menos autonomia foi Pozo Almonte, distante 267Km da partida e a 5Km da entrada para Iquique.

    Caso necessite abastecer, a hora é agora

    Com excessão da GS Adventure, todas as motos abasteceram em Pozo Monte. No posto de combustíveis encontramos uma excelente estrutura incluindo um bom lanche e local de descanso. O local do posto é S20 15.753 W69 47.129. Inclua no seu GPS pois pode ser importante.

    Neste caminho entre Arica e Iquique, cruza-se o Parque Nacional Salar del Huasco, uma reserva natural chilena com vários atrativos onde se podem desenvolver atividades de caminhada, observação da fauna e flora, montanhismo, fotografia, pedaladas e as partidas podem ser feitas diretamente de moto ou com escursões saindo de Pozo Almonte ou Pica, duas cidades referência para visitas ao parque.

    Humberstone: museu a céu aberto
    Este ponto da estrada é extremamente importante: para aqueles que não optam por Iquique no roteiro e seguem diretamente para São Pedro de Atacama, deve-se continuar pela CH05, Ruta Panamericana, com destino a Calama, percorrendo 250Km aproximandamente até o entroncamente com a CH24 e então seguir caminho a SPA. Nossa intenção e destino é Iquique, portanto seguimos no desvio pela CH16 oeste já bem próximo do destino final.


    Logo que se faz o desvio em Pozo Almonte, saindo da Ruta Panamericana para a CH16, encontra-se Humberstone, uma antiga cidade de mineradores ruínada, hoje um museu a céu aberto às margens da rodovia. Para todo explorador, visita conveniente.

    Satisfeitas as visitações, continua-se para Iquique que em poucos kilômetros será alcançada.

    Chegando na cidade portuária e zona franca chilena, o cenário é de tirar o fôlego. Pouco antes, em Alto Hospicio, já se podem observar grandes dunas e o oceano e na entrada da cidade, uma duna em especial, absurdamente grande, vista inicialmente apenas pelo pico, e circundada por vôos de dezenas de parapentes.

    Chegada a Iquique.
    A cidade fica abaixo; no nível do mar; mas para atingí-la ainda é necessário vencer um serpenteado margeando uma grande muralha de pedras e areia acompanhados à esquerda pela maravilhosa vista da cidade e do oceano.

    Ao nível do mar, já dentro da cidade, o trânsito é fluído embora de cidade grande.

    Os hoteis ficam quase todos na orla. São os mais caros, mas bem pouco adentro da cidade, encontram-se boas oportunidades de hospedagem como a que ficamos, o SPARK HOTELES (Amunátegui, 2034, Iquique, www.sparkhotel.cl, reservas@sparkhotel.cl em -20.2234 S, -70.14566 W)

    A zona franca foi visitada ainda no dia da chegada. Confesso que não é o que conhecemos como Ciudad del Este. Os preços são mais elevados, embora se encontrem muitos artigos com bons preços.

    Do ponto de vista gastronômico, a cidade é imperdível. Fomos em um restaurante temático chamado Neptuno e degustamos um delicioso peixe do pacífico por um bom preço.

    No dia seguinte, seguindo a costaneira até Tocopilla, onde desviamos para Calama e posteriormente São Pedro de Atacama.

    Algumas fotos a mais:
    Jartar às margens do Pacífico

    Jantar no Neptuno
    Descida a Iquique: vista deslumbrante
    Ruta Panamericana: retas que se perdem no horizonte
    CH05: muito bonita e conservada