terça-feira, 20 de março de 2012

Diário de Viagem - DIA 03: Puerto Maldonado --> Ollantaytambo

"Eita diazinho difícil, sô!"... Esta expressão seria o resumo de um dia tão pesado...

Partimos para a segunda etapa da travessia da Interoceânica, já sabendo que enfrentaríamos o trecho mais crítico de toda a expedição.

Saindo de Puerto Maldonado, seguimos com destino final a cidade de Ollantaytambo em um trajeto de "relativos" 510Km, mas... prepare-se: os primeiros 110/120Km são iguais os do trajeto anterior sempre seguindo a uma altitude que não passa de 280m do nível do mar com curvas suaves e retas aptas a se desenvolver velocidades deguras de até 120Km/h.

Após este ponto, aparece do nada uma serra com curvas em "U" e uma subida vertiginosa até o seu ponto mais alto a 4760m.

A temperatura senegalesa (lembra?!), cai para 10 graus e chega a hora de se apresentar para a altitude. Felizmente (ou não) só um de nós sofreu o mal-da-montanha e sofreu com dores de cabeça, os demais passaram sem muitos transtornos.

E assim seguem-se curvas e mais curvas, subidas intermináveis e descidas curiosas onde, DESCENDO pela estrada, um curso de água (aliás, rio nervoso... ehhehehe), segue as motos em sentido contrário (pode isso?!).

E os picos aparecem...













Quanto ao cenário: MEU DEUS DO CÉU!!! É lindíssimo! Quem assistiu o filme Avatar, vai saber do que estou falando. São montes com  quedas d'água despencando em meio à mata, rios intensos, largos e rápidos; vegetação densa com flores muitas delas perfumadas e muitos animais.

Na altitude, com a mudança de temperatura, os montes cobrem-se de uma relva baixa com muita pedra e nos topos muita neve e algumas nuvens.

O que o trecho tem de complicado, tem de lindo. É seguro dizer que o que vai ficar na nossa mente não foram os quase 350Km de curvas em "U", mas a maravilha que Deus deixou nossos olhos observar.

Um breve resumo do trecho de estrada

Como relatei antes, após 120Km aproximadamente de Puerto Maldonado iniciam-se as curvas e a subida. Podemos confirmar alguns relatos de irmãos que fizeram este trecho e realmente há vários locais críticos.

A interoceânica foi recém inaugurada (Set/Out/2011), mas não se engane. Ela percorre um trecho singular em meio à selva e ao altiplano, portanto se encontra de tudo.

No trecho sinuoso, a velocidade máxima é 60/70Km/h e as curvas mais fechadas (U) são feitas em segunda marcha e são muito fechadas mesmo.

Os complicadores deste trechos são:

  • Os veios d'água que correm da montanha por sobre a pista, ESPECIALMENTE NAS CURVAS, criando um limo escorregadio que deve ser transposto com muito respeito (de preferência na tangência). O problema é que surgem no meio de uma curva fechada onde, em certos casos, não dá pra fazer nada pois a moto já vem inclinada e o risco potencializa.
  • Os deslizamentos: estes estão por toda a parte. As montanhas de selva não seguram a vegetação por muito tempo, então com as chuvas há vários desmoronamentos que avançam sobre a estrada deixando muita lama. Isto é potencializado quando esta lama se encontra logo após ou mesmo dentro de uma curva. E isto acontece com frequência.
  • As falhas geológicas: são pontos onde o asfalto apresenta um desnível por conta da movimentação do solo ou mesmo de uma rocha que não pode ser removida. Passar devagar por essas falhas, garante não tomar um susto.
  • Por final, as curvas. Muitas curvas. Devem ser feitas com respeito a não ser que você seja motorista de praça daquela rota. Não são nada mais que aquelas conhecidas do Rio do Rastro em SC, só tem um detalhe: acompanham você por mais de 350Km.
Algumas fotos:
João Luiz próximo a uma queda d'água

Um dos muitos rios

Altitude 4760m: primeira visão dos picos nevados

Picos nevados ao fundo























































Como já havíamos calculado, este trecho foi o mais complicado até agora, mas foi ultrapassado com extrema bravura por todos. O grau de dificuldade é alto, mas superável. Todos que passaram certamente tiveram mais ou menos dificuldades, mas no geral é um lugar de extremos, tanto do ponto de vista do desafio quanto da superação, como da beleza sem igual.

Se vale a pena? VALE CADA PALMO RODADO e certamente ficará na nossa mente como um dos grandes desafios pessoais.

A chegada a Ollantaytambo foi tranquila. A hospedagem foi em um pequeno e aconchegante hotel e o banho foi o mais magnífico que tomei nos últimos 39 anos.

Dados dos hoteis que ficamos hospedados:
  • OLLANTAYTAMBO
    • HOTEL SAMANAPAP
      • Calle Pallpancaro s/n (esquina com alameda principal)
      • Site e e-mail: www.samanapap.com reservas@samanapap.com
      • Local: S13 15.549, W72 15.684

  • PUERTO MALDONADO
    • HOTEL PUEBLO VERDE
      • Jr. Gonzales Prada, 1126, Puerto Maldonado
      • Local: S12 35.418, W69 11.184

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